Poesia de Cora Coralina

“Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser: colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz com que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”



Cora Coralina















































Espero que aproveitem bem este blog... um abraço! SANDRA AQUINO















quarta-feira, 31 de agosto de 2011

ATIVIDADES PARA O ENEM

Namoro
O melhor do namoro, claro, é o ridículo. Vocês dois no telefone:
_ Desliga você.
_ Não, desliga você.
_ Você.
_ Você.
_ Então vamos desligar juntos.
_ Ta. Conta até três.
_ Um... Dois... Dois e meio...
Ridículo agora, porque na hora não era não. Na hora nem os apelidos secretos que vocês tinham um para o outro, lembra? Eram ridículos. Ronron.
Suzuca. Alcizanzão. Surusuzuca. Gongonha (Gongonhal) Mamosa. Perupupuca...
Não havia coisa melhor do que passar tardes inteiras num sofá, olho no olho, dizendo:
_ As dondozeira ama os dondozeiro?
_ Ama.
_ Mas os dondozeiro ama as dondozeira mais do que dondozeira ama os dondozeiro.
Na-na-não. As dondozeira ama os dondozeiro mais do que, etc.
E, entremeando o diálogo, longos beijos, profundos beijos, beijos mais do que de línguas, beijos de amígdalas, beijos catetéricos. Tardes inteiras. Confesse: ridículo só porque nunca mais.
Depois de ridículo, o melhor do namoro são as brigas. Quem diz que nunca, como quem não quer nada, arquitetou um encontro casual com a ex ou o ex só para ver se ela ou ele está com alguém, ou para fingir que não vê, ou para ver e ignorar, ou para dar um abandono amistoso querendo dizer que ela ou ele agora significa tão pouco que podem até ser amigos, está mentindo. Ah, está mentindo.
E melhor do que as brigas são as reconciliações. Beijos ainda mais profundos, apelidos ainda mais lamentáveis, vistos de longe. A gente brigava mesmo era para se reconciliar depois, lembra? Oito entre dez namorados transam pela primeira vez fazendo as pazes. Não estou inventando. O IBGE tem as estatísticas.
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Correio Braziliense. 13/06/1999.

No texto, considera-se que o melhor do namoro é o ridículo associado:
(A) às brigas por amor.
(B) às mentiras inocentes.
(C) às reconciliações felizes.
(D) aos apelidos carinhosos.
(E) aos telefonemas intermináveis.


Todo ponto de vista é a vista de um ponto

Ler significa reler e compreender, interpretar. Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.
Todo ponto de vista é um ponto. Para entender como alguém lê, é necessário saber como são seus olhos e qual é sua visão de mundo. Isso faz da leitura sempre uma releitura.
A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é essencial conhecer o lugar social de quem olha. Vale dizer: como alguém vive, com quem convive, que experiências tem, em que trabalha, que desejos alimenta, como assume os dramas da vida e da morte e que esperanças o animam. Isso faz da compreensão sempre uma interpretação.
Boff, Leonardo. A água e a galinha. 4ªed. RJ: Sextante, 1999.

A expressão “com os olhos que tem”, no texto, tem sentido de:
(A) enfatizar a leitura.
(B) incentivar a leitura.
(C) individualizar a leitura.
(D) priorizar a leitura.
(E) valorizar a leitura.



Motoristas de batom conquistam a Urca

Moradores aprovam adoção de mulheres na linha 107.
Batom, lápis nos olhos, brincos. Foi a essa mistura que a empresa Amigos Unidos apelou para contornar as constantes reclamações dos moradores da Urca contra os motoristas da linha 107 (Central-Urca). Há um mês, a empresa removeu sete mulheres de outros trajetos para formar um time de primeira linha. “O público da Urca é muito exigente.” Os passageiros reclamavam que os motoristas homens não paravam no ponto e dirigiam de forma perigosa. “Agora só recebemos elogios”, contou o gerente de Recursos Humanos da empresa, Mario Mattos.
Elogios que, às vezes, não se limitam ao desempenho profissional. ”Hoje (ontem), um homem falou que queria ser o meu volante”, Ana Paula da Silva faz da profissão uma forma de dar carinho a idosos e deficientes – os que mais têm dificuldades para entrar nos ônibus. “Ás vezes, levanto para ajudar alguém a descer. Já parei o carro para atravessar a rua com um deficiente visual”, contou.
Casada com um motorista de ônibus, Márcia Cristina Pereira, 38 anos, diz que não enfrenta dificuldades com os colegas de profissão, ainda que reconheça que, no começo, a desconfiança não foi pequena. “Eles me dão força. Recebo muitos elogios”, disse. Ao contrário de Márcia, a motorista Janaína de Lima, 32 anos, diz que relaciona bem com todos os colegas, mas acha que já há competição. “Falta muito para os homens se relacionarem bem com os idosos e deficientes”, comparou. Morador da Urca há 25 anos, Ednei Bernardes aprovou a adoção de motoristas mulheres no bairro. “Elas respeitam mais as pessoas e as leis de trânsito”, resumiu.
JB, 23/07/02 – Cidade. C1.


Um dos usuários do ônibus concluiu: “Elas respeitam muito mais as pessoas e as leis do trânsito.” Tal afirmativa, no contexto, permite concluir que :
(A) as empresas de ônibus preferem os serviços da mulher.
(B) os homens são grosseiros e desrespeitam as leis de trânsito.
(C) os idosos e deficientes passam a receber um tratamento melhor.
(D) os homens criam mais problemas com colegas de profissão.
(E) a população da Urca tornou-se exigente no transporte urbano.



Um arriscado esporte nacional
Os leigos sempre se medicaram por conta própria, já que de médicos e de loucos todos temos um pouco, mas esse problema jamais adquiriu contornos tão preocupantes no Brasil como atualmente. Qualquer farmácia conta hoje com um arsenal de armas de guerra para combater doenças de fazer inveja própria indústria de material bélico nacional. Cerca de 40% das vendas realizadas pelas farmácias nas metrópoles brasileiras destinam-se a pessoas que se automedicam. A indústria farmacêutica de menor porte e importância retira 80% de seu faturamento da venda “livre” de seus produtos – isto é, das vendas realizadas sem receita médica.
Diante desse quadro, médico tem o dever de alertar a população para os perigos ocultos em cada remédio, sem que, necessariamente, faça junto com essas advertências uma sugestão para que os entusiastas da automedicação passem a gastar mais em consultas médicas. Acredito que a maioria das pessoas se automedicam por sugestão de amigos, leitura, fascinação pelo mundo maravilhoso das drogas “novas” ou simplesmente para tentar manter a juventude.Qualquer que seja a causa, os resultados podem ser danosos.
MEDEIROS, Geraldo. – Revista Veja, 18 de dezembro, 1985.

O tema abordado no texto é:
(A) os riscos constantes da automedicação.
(B) o crescimento da indústria farmacêutica.
( C) a venda ilegal de medicamentos.
(D) a luta pela manutenção da juventude.
(E) o faturamento das consultas médicas.

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